sexta-feira, 3 de abril de 2009

Diário de Bordo - A ocupação do espaço


Ola meus amigos. Hoje dia 03/04 fomos para a primeira etapa da ocupação do nosso espaço de trabalho.

"O Reconhecimento".

Saímos os três, Dora, Lu e eu, aqui de casa rumo ao espaço desconhecido. Nos vestimos de preto, pegamos alguns objetos, a maquina fotográfica, o caderninho de anotação e com o espírito livre chegamos a praça Floriano Peixoto. Dividimos o trabalho em três partes. Começamos com um bate papo, um pouco de concentração, procuramos caminhar em silêncio e cada um de nós se atentou em procurar locações. A indicação é que tínhamos de ouvir cada lugar escolhido, qual o som, o cheiro, a cor e o movimento. Só ai faríamos o recorte fotográfico. A cada foto tirada tínhamos que anotar no caderno tais impressões. Foi um momento muito maluco, ficamos por uma hora e trinta minutos conectados com esta missão. Parecia que a praça era somente nossa. Tiramos fotos de pessoas, de lugares, gravamos sons, sentimos cheiros e foram muitas fotos incríveis. Na segunda parte do trabalho, tínhamos que nos inserir nas fotos. Podíamos escolher lugares ainda pouco explorados na primeira parte ou novos e destes escolher dois. Ficamos por um tempo tirando foto dos três, construindo a imagem do coletivo. Parece que hoje, somente hoje, de fato, nasceu o C.A.OS. Na terceira etapa, nós tínhamos que experimentar, na foto, as duas locações que serão nossos espaços de criação individual. A partir de agora, cabe a cada um de nós, mergulhar em cada lugar escolhido. Na segunda-feira próxima, vamos começar a explorar estes dois espaços. A ideia é, depois de alguns dias de criação, cada ator apresentar duas performances nestas locações. Convidaremos algumas pessoas para assistir as cenas, só para os íntimos. O comando é para construir as cenas (com texto falado, cantado e expressão corporal. Tudo isso para apresentar o espaço, explora-lo e dividir com os convidados o encontro e suas possibilidades. Os temas são os de nossa peça, para que isso possa alimentar a dramaturgia. O intuito é criar intimidade com o espaço urbano, aprendendo a lidar com o que lá está e também poder interferir, somando elementos. Cada ator é responsável pela construção de sua cena. Começaremos com a relação corpo no espaço e espaço no copor. Depois improvisando e já escolhendo ou descartando o que for sendo experimentado. Ficará somente a cena construída. Vamos ter duas semanas neste trabalho até a apresentação das cenas do processo em processo.
Ficamos assim combinados: na segunda damos continuidade ao trabalho que começou hoje. Trabalharemos construindo as cenas. Na outra semana vamos fazer um trabalho de corpo e voz em cima das cenas. Na terceira semana apresentaremos para nossos convidados o trabalho.

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Nova etapa do processo - Ocupação do espaço de criação


Meus amigos. Hoje vou deixar registrado aqui como está se desenrolando nosso processo até agora e para onde estamos caminhando.
Entramos no quarto mês de trabalho, contando as ferias e os tempos para viagens a trabalho e etc. Passamos pela sala de ensaio com a Gyu e a oficina de palhaço, com a Maíra na capoeira, com a Milagres e o trabalho de ritmo, com a Kátia na preparação vocal, lemos muitos textos do Plínio, assistimos a muitos filmes e peças, conversamos, debatemos, brigamos e construímos uma ideia que começa a virar dramaturgía. Depois disso tudo nós chegamos a nossa personagem principal, a catadora. Uma mulher que vive na rua, passou por muitas situações trágicas e agora, no final de sua vida, lembra de algumas destas historias, como se estivesse vendo seu filme passar. São essas lembranças a história de nossa peça. Os encontros e desencontros de uma miserável. Nossos "temas" são: Saudade, abandono, esperança, infância perdida, tragédia, loucura, destruição, humor grotesco, o espaço urbano e seus moradores. Esse tem sido nosso mergulho profundo. A Dora tem o desafio sob controle e tem se afetado com todo o processo. Entramos agora numa nova fase do projeto. Não queremos apenas montar uma peça e apresentar na rua. Vamos usar a rua como personagem, as pessoas como figurantes, o lixo urbano como cenário, ruínas e canteiros como espaços de representação, sons da rua como música... Para tanto precisamos ouvir, pesquisar, cheirar, saborear, observar a praça escolhida.
Faremos algumas cenas e convidaremos os amigos/colaboradores para ver nosso trabalho em processo. Vamos construir uma intimidade com o espaço para que ele possa alimentar a dramaturgia.
Faz parte da criação a duvida, o risco e o desejo de certeza na duvida, no risco. Não sabemos o que estamos fazendo. Estamos construindo o espetáculo a partir do que nos atravessa, no salto, em movimento. Nossos parceiros são todos convidados a se jogar neste abismo conosco. Sabemos que no final desta viagem não seremos mais os mesmos. Por tanto apertem seus cintos e vamos encarar juntos este desafio criativo. Importante deixar claro que este movimento de ir para rua, descobrir os lugares, explorar as locações, é absolutamente necessário para que aja uma troca verdadeira entre o que já lá está e o que nós vamos levar.
A Dora tem registrado seu trabalho e impressões dramaturgicas no blog http://ficccaoeprocesso.blogspot.com/. Visitem.
Hoje, quinta-feira (02/04) encontramos com a Kátia Kouto para conversar sobre como a preparação vocal vai caminhar nesta nova etapa. Há uma confiança mútua de que estamos agindo de maneira correta, sem queimar nenhuma etapa.
Meus amigos, a busca agora é para descobrir o que queremos dizer e de que maneira vamos dizer. Sigamos. Beijos